segunda-feira, 20 de abril de 2009

Uma noite qualquer de Abril

Já passa das nove horas da noite. A lua aparece um pouco tímida no céu. Na rua, somente eu e alguns perdidos comemorando o feriado. Eu me sinto um pouco sufocado. Talvez a junção do feriado com o calor infernal me incomode um pouco.
Olho pro lado e vejo duas moças semi-nuas. Elas me olham e sorriem libidinosamente. Depois fazem algum comentário que eu não consigo ouvir. Um pouco à frente um cachorro revira o lixo. Ele fica um pouco assustado, talvez temendo a minha reação. Mais à frente, passa outro cachorro por mim. Me sinto tendo um déjà vu.
As luzes silenciosas da cidade e a brisa da noite me fazem sentir um pouco melhor. Me ajudam esquecer você por um instante. Esquecer a sua ausência. A falta que a sua falta faz.
Até acredito que a minha caminhada noturna tenha mais de você do que do calor. A minha caminhada com fundo sonoro de Modest Mouse. E Modest Mouse me lembra você. Assim como o cheiro da noite. Você ainda se faz perceptível na minha vida. Você continua sendo intragável e indigerível. Você é como um remédio que pesa no estômago e me causa efeitos colaterais. E mesmo assim, ainda sou dependente de você. Ainda sou apaixonado por uma menina mais desorientada que eu.
Mais uma noite quente e vazia de abril na minha vida.


Pra ler ouvindo: Modest Mouse – Trailer Trash

domingo, 12 de abril de 2009

Aos 23

Até parecia que o ponteiro do relógio andava ainda mais vagarosamente a cada segundo. É incrível como quando se espera por uma determinada hora, parece que os minutos demoram dias pra passar. O ponteiro dos segundos anda como se estivesse catando pedrinhas.
E os dois pareciam crianças olhando incessantemente para o relógio. Era como a espera pela meia-noite do dia de natal.


-00:00.
-Mais uma velinha para o seu bolo.
-Já dá pra fazer uma cerquinha ao redor do meu bolo.
(...)
-E aí, como você se sente?
-Uns dois minutos mais velho.
-Mais alguma coisa?
-Alguns primeiros sinais de artrite, artrose e esclerose.
-Parabéns, irmão coruja.
-Valeu irmã fuinha.